terça-feira, 27 de maio de 2014

A quantidade de palavras que ela escreveu hoje, foi absurda.
Absurda, foi também a intensidade que colocou em cada uma delas.
Escreveu com ritmo como se fosse o ritmo de seu coração a bater.
Mas, o coração já não batia. Estava vazio. E só.
A respiração era ofegante mas, as palavras, essas traziam o ar de que necessitava.
Escrevia quase sem pensar. 
A certa altura lembrou-se até mesmo de Pessoa. Imaginou-o em pé junto à cómoda a escrever à máquina, sem parar, sem pensar. Assim como agora ela o fazia. Ela nunca seria um Pessoa. Também nunca o quis ser.
Mas, aquele escrever constante, aquele colocar de palavras (mesmo sem sentido) em frases trazia-lhe conforto.
Conforto que procurava, que precisava, que ansiava, que sabia onde estava mas, não ousava ir buscá-lo.
Por que haveria de buscar algo que não poderia adquirir?
E o som das teclas enquanto escrevia embalavam-na, acariciavam-lhe as pontas dos dedos com afagos ao leve enquanto ela as pressionava até ter as frases completas.
Depois de cada sinal de pontuação olhava de relance para a frase. Elas assim permaneceram: estáticas, petrificadas no momento como uma escultura que ficou por terminar.
Afinal, escrever é também esculpir. É tudo arte a florescer.
Que comparação tão absurda!
E, a quantidade de palavras que ela escreveu hoje, foi absurda. 
Num momento especial
Nossas mãos entrelaçaram-se.
Caminhamos lado a lado
Quais eternos namorados.

Num momento para sempre
Unimos nossas vidas.
Com base no amor e na confiança
Colocámos aliança.

Num momento meu e teu
Ergo o meu véu.
Olhámos juntos em direcção ao céu
Agradecendo a bênção que Deus nos deu.

E pela eternidade sem fim
Junto Aquele que nos uniu,
Eu serei para ti
E tu serás para mim.
Onde está a inspiração?
Onde está a emoção?
Onde está?
Procuro e não a encontro.
Vou até ti.
Está no teu olhar
A minha inspiração.
Junto com a emoção
Que é te amar.
O alívio que  traz escrever
Não é possível descrever.
Pessoas de poucas palavras ditas
Encontram-se bem entre as escritas.

Nas páginas de papel
Com canetas de tinta,
Amores doces como o mel
Ou dores que no íntimo sinta

São expostas aos que querem ler
O que tão simples poeta tem a dizer.
São momentos ou pensamentos,
Parados entre os tempos.

São contagem de segundos
Viajando por outros mundos.
São conscientes inconscientes
Constantes entre as gentes.

O relógio bate, bate
Mas, o momento não parte
Da mente do poeta
Que está tão longe da sua realidade concreta.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Céu infinito
Com estrelas a brilhar.
Amor infinito
Dentro de um olhar.
Viver é respirar
E sentir o fôlego da vida
Mas, se não amar
Estará perdida...
Coração palpitante.
Coração inquieto.
Coração que não dorme.
Este coração que em mim não mora.
Coração de outrora
Que renasce agora.
Abraço de aconchego,
Abraço de carinho,
Abraço de protecção,
Abraço de braços entrelaçados,
Abraços perdidos no tempo
Mas, encontrados no momento.
Amor.
Como poderei escrever sobre amor?
Como poderei sentimentos expor?
Amor traduz-se em palavras
Mas, são os gestos que o demonstram.
E o amor não poderei descrever,
Mas, vou-o viver.
Sonho que habita no teu sono,
Se te está a magoar
Não deixes ai morar...
Sonho que habita no meu sono,
Que tem asas para voar
E que me faz acreditar...
Tu vinhas ao longe
Eu ainda nem te via
Mas, a tua presença
Essa, eu já sentia...
Olhar.
Olhar que perscruta a alma.
Olhar que examina.
Olhar que reconhece.
Olhar.
E num olhar tudo se vê.
Colocaste a flor na minha mão
E o sentimento no meu coração.
E percorrendo a cidade
Que tão bem conhecia
Não me encontrei.
Afinal, não era ali que eu pertencia.
Teu intenso olhar
É como o imenso mar
Em que me sinto afogar

terça-feira, 20 de maio de 2014

Tiveste muitos filhos.
Tiveste ainda mais netos e bisnetos.
Deste-lhes o que tinhas,
O que podias
E o que sabias.
Mas a ela
Deste o amor,
O amparo,
O carinho,
A protecção.
Ela foi a tua última menina
E guardou-te
No seu pequeno coração
Junto com a esperança
De te abraçar novamente.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Das coisas mais bonitas que já vivi, muitas foram passadas daquela porta para lá. O mundo ali é outro.
Os sentimentos ali são mais profundos. Ali os sorrisos curam dores. Ali sempre vai haver aconchego para todos, Ali há um lar, uma família "remendada" mas, com muito amor. Ali todos crescem um pouquinho. Ali eu encontro-me em pequenos corações. Ali sou feliz apesar da tristeza que trago comigo de cada vez que atravesso aquela porta de volta para este lado do mundo. Da porta para lá, já me descobri imensas vezes. Algumas, era tão nova ainda para compreender. Outras, madura o suficiente para me decifrar em códigos tão banais, em códigos sentimentais, em emoções incríveis. Ali o relógio não faz sentido, porque o que comanda são os muitos ritmos cardíacos que ali batem em uníssono, que ali residem e se renovam, dia após dia.
A todos, o meu agradecimento por permitirem que esteja presente sempre que possível.

AAC
2/5/2014